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CD SAMBALANÇO (2004) - Ruy Castro

DISCO

"Os astros sabem"

Quando Carlos Lyra nasceu, numa noite de maio dos anos 30, os corpos celestes estavam alinhados assim:

Ao Norte, as constelações da Broadway e de Hollywood, formadas por estrelas como Cole Porter, Irving Berlin, os irmãos Gershwin, a dupla Rodgers & Hart, Jerome Kern, Harold Arlen, Johnny Mercer, Hoagy Carmichael - todos ativos e brilhantes.

Ao Sul, os cometas do Café Nice e os asteróides do Carnaval: Ary Barroso, Noel Rosa, Lamartine Babo, João de Barro, Benedito Lacerda, Ismael Silva, a dupla Bide & Marçal, Assis Valente, André Filho, Sinval Silva, Luiz Peixoto, Roberto Martins, Mario Lago, Nássara - todos igualmente ativos e brilhantes.

Esses conglomerados estelares de compositores e letristas faziam das canções americanas e brasileiras a melhor música popular do mundo. A melhor e, ao mesmo tempo, a mais popular, inclusive no Brasil - nunca tinha havido uma conjunção igual.

Mas o tempo na música popular é mais veloz que no espaço. Vinte anos depois, na década de 50, já não se enxergava a luz dessas estrelas. Algumas tinham morrido. Outras continuavam no mesmo lugar, mas seu brilho fora ofuscado por uma nebulosa do mercado. A canção, subitamente bolerosa e popificada, caíra num buraco negro.

De repente, por algum fortuito movimento cósmico, os astros se realinharam e permitiram o surgimento de uma nova galáxia, formada por jovens que começaram a trabalhar por volta de 1955 e explodiram a partir de 1960. A melhor música já não era a mais popular, mas, com ela, eles abriram caminho entre as esferas. Alguns desses jovens eram, nos Estados Unidos, Stephen Sondheim, Cy Coleman, Henry Mancini e Burt Bacharach. Na França, Michel Legrand. Na Argentina, Astor Piazzolla. No Brasil, surgiu uma extraordinária geração de compositores e letristas, liderada por Antonio Carlos Jobim, Vinicius de Moraes - e Carlos Lyra. O que esses homens produziram na segunda metade do século XX está incorporado ao patrimônio musical e amoroso da humanidade e ninguém tasca.

E olhe que, por alguma perversão astrológica, todos gravaram menos do que deveriam, principalmente Carlos Lyra. Ou gravaram menos do que sua produção exigia. É o que faz com que os bem intencionados, mas com pouca informação, se perguntem por que Carlinhos "parou de compor" e "se limita a repetir seus clássicos, como `Primavera', `Marcha da Quarta-feira de Cinzas' e `Influência do jazz'" - como se qualquer compositor não desse um braço para ter pelo menos uma dessas canções no currículo. A mesma pergunta poderia ser feita a Sondheim, Legrand ou Bacharach, que também "nunca mais" fizeram algo como, respectivamente, "Send in the clowns", "Watch what happens" e "A house is not a home". Na verdade, a pergunta deveria ser dirigida às gravadoras, daqui e de fora. Esses homens nunca pararam de compor - e podem estar fazendo coisas lindas. As gravadoras é que fingem que elas não existem.

Sambalanço, por exemplo, foi feito no Rio, em 2000, com músicos brasileiros, mas por encomenda do Japão. Está repleto de canções que Carlos nunca gravou ou nunca pôde gravar direito, como "Sambalanço", "Os olhos da madrugada", "Gente do morro", "Só choro quando estou feliz" e "Um abraço no João". Contém também sua novíssima parceria com Dolores Duran (1930-1959) - uma das letras que Dolores deixou com Carlos e que ele, sabiamente, esperou quase quarenta anos para musicar, resultando em "Se quiseres chorar". E, a provar que os Lyra são inestancáveis, é só conferir a bela participação de sua filha Kay Lyra em "O barco e a vela" - este, um original do sobrinho de Carlos, Cláudio Lyra, que também comparece com o violão - e em "Pode ir", uma das jóias ocultas da parceria Lyra-Vinicius.

Como se não bastasse, há outras novidades no disco. Algumas são "Lobo bobo", "Saudade fez um samba", "Se é tarde me perdoa" e a insuperável "Canção que morre no ar", todas da seminal parceria Lyra-Bôscoli. Novidades? Sim. Como poderia ter dito Millôr Fernandes (outro parceiro de Carlos, ainda que bissexto), são canções novas para os menores de trinta anos, que constituem hoje 70 % da humanidade e provavelmente nunca as ouviram. Mesmo para mim, que nunca deixei de ouvi-las, continuam novas. O que foi feito para ficar é novo em qualquer época.

Taí - um disco de Carlos Lyra sem "Primavera", "Marcha da Quarta-feira de Cinzas" e "Influência do jazz". Quem pode, pode. Os astros sabem.

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