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A MAIS VALIA: PENSANDO NUM MUNDO MELHOR

A Mais-Valia Vai Acabar, Seu Edgar foi o início de um dos vários movimentos que tentaram estabelecer uma proposta de teatro popular naquela época.

Eu era um diretor que queria estrear e por isso tratei de encontrar um grupo de teatro para trabalhar. Havia o grupo de Teatro Jovem, do empresário Kleber Santos, e coincidiu que a Faculdade de Arquitetura, que na época estava na Urca, tinha lá um bom local. Era o teatro ao ar livre que tinha abrigado os primeiros shows da bossa-nova. Tinha já alguma tradição o ponto e foi lá, em acordo com o diretório acadêmico, que iniciamos os ensaios da peça do Vianinha. O elenco era formado pela turma do Teatro Jovem e depois vieram alguns profissionais ligados ao Arena, como foram os casos de Joel Barcelos e Hugo Carvana. Mais adiante um grupo de arquitetos também compareceu e formou-se um elenco de atores novos.

A Arena da Arquitetura era um desafio logo de início porque tinha lugar lá para mais de duas mil pessoas, eu creio, mas todos concordamos que podia dar certo uma temporada naquele lugar.

A peça do Vianinha, era um desafio por suas propostas arrojadas. Ele pretendia dar uma visão estética de uma tese sócio-político-econômica do processo da "mais-valia", uma das bases fundamentais do pensamento marxista. Para tanto o autor se valeu de uma técnica que oscilava entre o didático, informado sem dúvida por Bertolt Brecht, e tudo que as experiências do Seminário de Dramaturgia do Arena de São Paulo e do Rio tinham estimulado. O resultado final do texto era uma seqüência de cenas que tinham como idéia central o efeito social da "mais-valia". Mas, a ação central era bem variada. As cenas se sucediam mostrando momentos da vida do homem comum esmagado sob o peso do processo industrial, alternadas com cenas onde a idéia e a proposta da "mais-valia" eram apresentadas como fórmulas a serem descobertas e entendidas na sua essência mais profunda.

Havia música, e por isso convidei Carlos Lyra, um do iniciadores do movimento da bossa-nova, para compor as canções que o Vianinha tinha criado para a peça. Entendi que a Arena da Arquitetura, grande como era, devia ter um cenário monumental, e assim um grupo de estudantes de arquitetura passou a criar um cenário de 15 metros de altura com vários planos. Num deles iria ficar o conjunto musical, e nos outros se desenvolviam cenas. Também no plano do chão a peça se desenvolvia. Depois pensamos em usar cinema, e Leon Hirszman veio trabalhar com a gente. Depois do cinema inventamos slides e fomos inventando uma parafernália de meios que redundou numa revista musical.

Os atores cantavam e dançavam além de dizerem seus textos. Claro que o processo de ensaio resultou de um estudo e discussões sobre a obra e suas bases. Carlos Estevão, na época, estudante de filosofia, se encarregou de idealizar alguns gráficos para a demonstração de dados importantes para o entendimento da proposta..
Eu na época estava animado por Bertolt Brecht e Erwin Piscator. Isso coincidia com o pensamento do Vianinha, mas eu tinha ainda uma íntima busca de um teatro mais acessível ao grande público e teimei em usar uma base estrutural de revista da Praça Tiradentes. Dessa mistura, acrescentando formas estratificadas pelo cinema americano, saiu a encenação da Mais-Valia.
Em pouco tempo tínhamos perto de setenta pessoas trabalhando na montagem, sendo que o grupo de atores eracomposto de vinte pessoas. Muitos nunca haviam feito teatro, outros eram amadores e alguns eram profissionais que começavam. A unidade foi nascendo pelo esforço do ensaio. Formou-se um grupo sólido que permaneceu como núcleo de apoio que suportava as desistências de gente que ia saindo durante a montagem, como sempre acontece em grupos amadores.
Os ensaios eram abertos. ao público e pouco a pouco foi se formando uma platéia constante que comentava e discutia cada caminho que íamos tomando. Aprendemos a cantar e dançar e fomos chegando a um espetáculo definitivo. Depois de três meses de ensaio estreou a Mais Valia com o Teatro de Arena da Faculdade de Arquitetura lotado e largando gente pelo ladrão. Foi um susto, porque só tínhamos usado os meios mais precários de divulgação. Ao final da estréia houve muita empolgação e todos os sintomas mostravam que havíamos conseguido sucesso. Eu tinha afastado o Vianinha dos ensaios e ele viu a encenação pela primeira vez na estréia, com a platéia lotada. Como diretor estreante e inseguro eu achava que a presença do Vianinha nos ensaios poderia perturbar o meu trabalho. Mas levei aos ensaios meus colegas do Arena: Flávio Migliaccio, Milton Gonçalves, Henrique César, Arnaldo Weiss, Nelson Xavier. Discutimos com eles e aproveitamos idéias.

O Vianinha não concordou logo de saída com a concepção do espetáculo; ele tinha, é claro, imaginado muita coisa de forma bem diferente do que tinha assistido. Discutimos um pouco mas no correr de breve tempo ele também resolveu sair do Arena e veio fazer um papel na montagem. Não consigo esquecer de sua figura alta e magra dançando na Arena da Arquitetura, dançando e cantando e dizendo seu texto numa total integração do autor e ator.

A crítica se dividiu e houve debate prolongado entre Paulo Francis e Miguel .Borges. Mas a maioria aceitou bem o espetáculo. Quanto ao público, na pior época do teatro do ano, a Mais-Valia tinha uma média de quatrocentos espectadores, enquanto que algumas peças não conseguiam com os melhores proficionais emplacar um mês de permanência.
A Mais-Valia ficou em cartaz por volta de oito meses, se bem me lembro.
Da montagem daquele espetáculo nasceram outras idéias para o teatro popular que mais tarde se consubstanciariam um pouco no Centro Popular de Cultura da UNE.
Isso foi em 1960 e hoje para escrever essa apresentação eu consulto a minha coleção de recortes de jornais e revistas. Volto num átimo a um passado vibrante. Uma saudade faz passar uma seqüência de memórias. Lembro do Vianinha e lembro de nossas brigas, turrices. e discussões. Tantas vezes berramos um ao outro nossas idéias sem chegarmos a um acordo. Estávamos num período fervente de novas propostas. Cada um de nós tinha o seu caminho e no entanto nosso caminho sempre foi o mesmo. Lembro de cada ator, de cada membro da equipe, na fúria de fazer teatro, amando o trabalho. Líamos muito, falávamos muito, trabalhávamos muito, e sem dúvida pensávamos incessantemente num mundo melhor.

Chico de Assis

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